segunda-feira, 10 de maio de 2010

Fórmulas” à base da medicina natural, e shampoo esperança

dr._raz__1_“Antes de qualquer política pública para a medicina natural, é preciso que a resta fique em pé”.

Figura simpática e espontânea, Raimundo Nonato Pereira da Silva, 41, nasceu no Seringal Arquibadam, em Xapuri. Radicado na capital há mais três décadas, diz que herdou dos avós e dos pais o interesse pela plantas, mas só começou a trabalhar com elas nos anos 80. As mães o procuravam para rezar por seus filhos doentes e nessa reza sempre entrava uma planta medicinal. Ele lamenta a pouca valorização da medicina tradicional.


“Tocando” um comércio intitulado Milagre da Floresta, no Mercado Velho, Dr. Raiz recebeu a reportagem de O Rio Branco para falar sobre como é possível incentivar a produção de fármacos (sustâncias utilizadas na fabricação de medicamentos), definindo políticas públicas para o setor. Para ele, medicina natural e “científica” se complementam. “É preciso o Ministério da Saúde dizer o que pode e o que não pode”, observa, referindo-se às contumazes práticas raizeiras que são constantes alvos da fiscalização do Poder Público.


Dr. Raiz afirmar possuir “fórmulas” à base da medicina natural, mas que não as patenteou. Também disse que gostaria de participar, hoje, em Brasília, de uma audiência pública sobre incentivos aos fármacos e de mudanças nas normas sobre patentes. Apesar da distância do Cento - Sul, o raizeiro está “antenado” nos sites da Câmara e do Senador, acompanhando os tramites e as votações em pauta da Comissão de Desenvolvimento Econômico, Indústria e Comercio.
Casado e pai de sete filhos, Raiz afirma que, quando alguém de casa adoece, a sua primeira providência é levar o enfermo ao médico.


“De acordo com que tiver na receita, estou tomo as minhas providências. Raizeiro bom que é, ficou conhecido dentro e fora do Acre por causa do Xampu Esperança e a garrafada Fortalecimento do Ser Humano e Saúde da Mulher. “Quando alguém me procura, primeiro eu peço para ele ir ao médico”. Se ele voltar, eu busco resolver. Caso eu não consiga resolver, eu sei quem sabe”, brinca e faz marketing ao mesmo tempo.

Xampu a esperança dos calvos.

Xampu a esperança dos calvos.


Centenas de brasileiros que sofrem com a queda de cabelo tumultuaram a caixa de e-mail e, principalmente, o telefone do Doutor Raiz com interesse de comprar o Xampu Esperança, que promete restaurar a falha capilar.
O repentino interesse de tantas pessoas surgiu a partir da reportagem veiculada no Globo Repórter de sexta-feira, quando o jornalista José Raimundo mostrou os produtos que se originam da floresta, resolvendo diversos problemas de saúde dos habitantes da região.

No entanto, o que chamou a atenção mesmo foi o xampu, produzido em Tarauacá, a 400 quilômetros da capital acreana. Em razão da grande procura, Doutor Raiz disse que teve que fechar a sua casa de plantas medicinais depois da meia-noite, quando dezenas de encomendas foram anotadas.

"Desde que eu comecei a comercializar o Xampu Esperança encaminho algumas encomendas para fora, até para o Sul do país. Mas depois que o produto foi exibido no Globo Repórter ganhei muito mais clientes e acho que vou ter que buscar mais xampus em Tarauacá para poder dar conta da demanda. Cerca de 100 estão sendo vendidos por dia", disse.
Doutor Raiz é conhecido por ter em seu acervo de produtos medicinais tudo que o ser humano precisa para curar dores, mal-estar e doenças mais graves. De tudo que é oferecido na loja, batizada como Casa de Plantas Medicinais Milagres da Floresta, ele dá 100% de garantia. "Funciona mesmo", afirma.

O xampu, em especial, dura de três semanas a oito meses para fazer o efeito desejado, segundo o Doutor Raiz. "O Xampu Esperança está revolucionando o mundo com sua fórmula altamente eficaz", destacou.
Preparado à base de mulateiro e babosa, o xampu passou a ser alvo dos fregueses da casa de plantas medicinais, e até os acreanos, que já tinham conhecimento do produto antes, começaram a consumir mais depois da reportagem exibida no Globo Repórter.

Xampu de seringueiro é esperança dos carecas, mas exige cuidados

Xampu de seringueiro é esperança dos carecas, mas exige cuidados


Técnicos da Funtac afirmam que fabricação acontece em condições precárias, porém os resultados são satisfatórios

Fabricado a partir de ervas nativas da floresta amazônica, mais particularmente da região de Tarauacá, no Acre, o Xampu Esperança, que combate a calvície, está causando uma verdadeira febre de empolgação entre os calvos de todo o Brasil.


A fórmula milagrosa foi descoberta pelo seringueiro Carlos Pinto depois de participar de um curso sobre a fabricação de sabonetes e xampus caseiros. Ele combinou cerca de dez ervas, frutos e raízes que as culturas indígena e popular diziam ter como virtude o combate à calvície. Calvo que era, foi ele mesmo o primeiro a experimentar a eficácia da fórmula que fez renascer seus cabelos.

Empolgado com os resultados, vendeu para outros carecas de Tarauacá, que também obtiveram o mesmo resultado e a fama do produto logo se espalhou. Passou então a comercializar a fórmula cobrando R$ 5 cada frasco de 300 ml, a fim de juntar dinheiro para construir um açude em sua propriedade.

A farmacêutica Sílvia Basso, que tem mestrado em controle de qualidade de alimentos de fitoterápticos e é pesquisadora do laboratório de produtos naturais, fitocosméticos e fitoterápticos da Fundação de Tecnologia do Acre (Funtac), esteve na colocação do seringueiro em abril do ano passado e esclareceu: “Esse xampu realmente funciona ajudando as pessoas a vencerem a calvície. O problema está nas condições precárias de sua produção. Falta um laboratório que garanta o padrão de qualidade necessário para oferecer maior segurança aos consumidores”.

Segundo ela, no início de dezembro do ano passado, um fazendeiro de Goiânia comprou 120 litros do produto e pediu orientações à Funtac que realizou testes e decidiu “consertar” o produto para não pôr em risco os usuários do produto.

O PH do xampu original estava em 10 (alcalino) e teve de ser baixado para sete (neutro) porque prejudicaria os cabelos. Foram necessárias três filtragens para retirar as muitas impurezas que poderiam causar a contaminação dos usuários por fungos e outros microorganismos nocivos aos cabelos e à saúde das pessoas. O fazendeiro firmou contrato com Carlos Pinto para montarem um laboratório para industrializar esse xampu.

Sem negar a eficácia do princípio ativo do Xampu Esperança, a farmacêutica adverte que a Funtac não está em condições de garantir a segurança do produto que vem sendo comercializado. Isso porque, muito embora Carlos Pinto tenha participado, em dezembro do ano passado, da II Oficina Participativa de Produção de Fitoterápticos e Fitocosméticos, realizada na Funtac, ele não vem aplicando as técnicas necessárias para garantir o padrão de qualidade e de conservação do produto.

“Devido à precariedade em que seu Carlos é obrigado a trabalhar, isolado na floresta, o mais aconselhável seria que ele se dedicasse a produzir o extrato das ervas que compõem o xampu base e o restante do processo de terminação deveria ser feito num laboratório com boas condições técnicas, que fosse instalado lá mesmo em Tarauacá para gerar emprego e renda na cidade. Por enquanto é um produto caseiro, funciona no combate à calvície, mas não garante a segurança dos consumidores do ponto de vista técnico e sanitário”, adverte a farmacêutica.

No entnto, aos que buscam informações para comprar o produto, vem fornecendo dois telefones de contato, que são o (068) 3462-2470 e 3462-2685, de Andréia, filha de Carlos Pinto, e do fazendeiro Valter (84) 9652-3101. Telefax, vendas de até dez frascos a R$ 10 por frasco, enviados com pOportunidade bem aproveitada

O início da popularização do xampu aconteceu quando representantes dos vários órgãos que compõem o sistema da Secretaria Estadual de Planejamento (Seplands) estiveram se reunindo com produtores rurais e florestais em Tarauacá no primeiro semestre do ano passado. “Carlos Pinto chegou e sentou-se numa das últimas cadeiras lá atrás. Passou a reunião toda sem dizer uma palavra. Quando tudo terminou, ele chegou e pediu licença para falar comigo e com o secretário Gilberto Siqueira. Mostrou seu xampu que fazia nascer cabelo e me deu um frasco de presente. O Gilberto achou interessante, eu não levei muito a sério, mas como meus cabelos estavam caindo muito rapidamente, resolvi levar a amostra para casa”, relata Henrique Moura, diretor do Instituto de Terras do Acre (Iteracre).


Em casa ele apresentou o produto à esposa, que o estimulou a experimentá-lo para ver o que aconteceria. “Comecei a usar e em poucos dias acabou-se minha queda de cabelo. Passados mais alguns dias, notei que tinham vários fios novos nascendo e fiquei animado com os resultados, que vêm melhorando a cada dia.”

Ao perceber que o produto funcionava de fato, avisou o secretário de Planejamento, Gilberto Siqueira, que acionou a Fundação de Tecnologia do Acre (Funtac), a fim de que seus técnicos acompanhassem o caso a fim de patentear a fórmula antes que fosse roubada por alguém. O processo de patentes está em sua fase final nas comissões do Instituto Nacional de Propriedade Industrial.

Descoberta acidental

Empolgado com o que tinha aprendido durante o curso de fabricação de xampus e sabonetes caseiros, Carlos Pinto, que mora em local muito isolado, queria criar um sabonete para uso da própria família. Para isso, combinou várias ervas conhecidas pelas propriedades de limpar a pele e fortalecer os cabelos. Como não conseguiu que ele se solidificasse, passou a usá-lo como sabão líquido.

Cerca de dois meses depois, ele, que era completamente calvo, notou que nasciam cabelos novos em sua cabeça. Percebeu então que tinha descoberto uma fórmula capaz de fazer nascer cabelos em carecas.

Juracy Xangai